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Na medida em que programas de TV e filmes online ganham popularidade e cada vez mais adeptos, os provedores de serviços de internet (ISPs) vão precisar colocar os pés no freio, diante da perspectiva de que a banda se torne escassa. A Time Warner, por exemplo, já anunciou que começará a oferecer serviços limitados conforme a assinatura do usuário.
Segundo a empresa, a idéia é que as assinaturas livres sejam substituídas por ofertas limitadas. Os provedores devem começar a cobrar de alguma forma daqueles internautas que baixam volumes irrestritos de conteúdo. O anúncio da Time Warner, no entanto, gerou tanto protestos, quanto sérios questionamentos sobre o que constitui de fato o uso razoável da internet.
A Time Warner explicou que a experiência deve focar cerca de 5% de seus assinantes, que respondem por metade do consumo de largura de banda. “A ação não tem como alvo aqueles que baixam filmes da Apple”, disse Alexander Dudley, porta-voz da Time Warner. “Ela está focada em pessoas que usam redes peer-to-peer e baixam terabytes de dados.”
Pela afirmação de Dudley, é provável que a companhia vá utilizar filtros para determinar que tipos de conteúdo seus usuários estão baixando, separando o compartilhamento ilegal de arquivos de downloads legítimos de filmes.
Não se trata apenas de tecnologia, no entanto, nem de um único provedor. Se a experiência da Time Warner for bem sucedida, outros provedores de serviços de internet muito provavelmente seguirão seus passos, enquanto outros oferecerão o download ilimitado como diferencial de seus serviços.
Modelos de assinatura ilimitada de banda larga foram divulgados inicialmente como uma forma de os usuários tirarem proveito das mídias digitais sem se preocupar com o custo das conexões por minuto. A estratégia de marketing funcionou e a maioria dos consumidores passou a adotar banda larga – e utilizar mais a internet.
Já há algum tempo se sabe que os usuários de internet passam muito mais tempo online quando usam banda larga. A pesquisa “Home Broadband Adoption 2007”, conduzida pela Pew Internet & American Life Project, apontou que cerca de 65% dos usuários de banda larga nos Estados Unidos se conectam à internet todos os dias, contra apenas 40% de internautas por conexão discada com o mesmo hábito.
O blog The New York Times Bits divulgou uma entrevista com Dave Burstein, editor da DSL Prime. Burstein sugeriu que a mudança também pode ter sido motivada pela crescente popularidade da TV online. “As pessoas na Time Warner temem que usuários assistam à TV diretamente na internet”, explicou Burstein. “Lost e Desperate Housewives são melhores na internet do que pelo cabo digital.”
De fato, 2007 foi um ano de destaque para o download de vídeo online. A freqüência com que usuários de banda larga baixaram vídeos cresceu substancialmente em relação a 2006, segundo mostram as pesquisas “Individual User Survey”, de julho de 2006, e a “Consumer Survey”, de abril de 2007, do Júpiter Research e do Ipsos Insight. O Júpiter Research também previu o contínuo crescimento para 2008, conforme o seu relatório “Key Trends in 2008”.
A questão agora é saber se os heavy users, aqueles que utilizam a internet com muita intensidade, estarão dispostos a reduzir o uso que fazem da banda larga. “Pode ser um bom plano para os ISPs e talvez até seja um plano justo, mas apresentar esse modelo de cobrança agora, depois que as pessoas se acostumaram ao uso ilimitado da banda larga por quase uma década, é como tentar devolver o gênio para dentro da garrafa”, compara Paul Verna, analista sênior do eMarketer.
Já Bem Maclklin, outro analista sênior do eMarketer, disse que o modelo de cobrança por uso parece justo. “A Austrália sempre teve diferentes níveis de banda larga baseados em uso”, disse Macklin.
“A maioria dos provedores oferece 30GB ao mês com conexões ADSL+2 a um preço entre 50 e 60 dólares mensais. As tarifas por uso costumavam ser um problema na Austrália, mas o limite de 30 GB parece suficiente para a maioria dos usuários.”
Macklin disse que a AOL deve oferecer pacotes que classifica como “coma à vontade”, bem como pacotes cobrados por uso, que podem induzir aqueles que ainda utilizam internet discada a migrarem para a banda larga.
“Em geral, pagar por aquilo que usa é um sistema bastante justo de cobrança”, completou. “Eu não acredito que seja o fim do mundo, como alguns blogueiros sugerem.”
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