Orkut nega ter agido para fim de comunidade "Discografias"

"Decisão foi de usuários do grupo, diz diretor do Google; para ele, houve "exagero" de órgãos de direitos autorais"

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Por Romulo Vercosa
23 mar, 2009

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O Google, proprietário do site de relacionamentos Orkut, negou ter agido para o fim da comunidade “Discografias”, que no último domingo deixou quase um milhão de membros órfãos. “A decisão de eliminar a comunidade não foi nossa, nem da APCM (Associação Antipirataria de Cinema e Música). Foi de seus usuários”, afirmou ao estadao.com.br Ricardo Félix Ximenes, diretor de Comunicação para Assuntos Públicos do Google. Ele questionou ainda as alegações da APCM de que a comunidade se dedicava a “disponibilizar música de forma ilegal”, dizendo que houve “exagero.”

“Não há pirataria ou troca de arquivos no Orkut. O que alguns usuários fazem é colocar links para outros sites que, estes sim, hospedam conteúdo protegido por direitos autorais”, acrescentou Félix. “Nós tiramos esses links sempre que solicitado, mas nossa política não faz censura.”

Em um manifesto criado no Orkut, os moderadores de “Discografias” disseram que estavam sendo “ameaçados” pela APCM, sem revelar outros detalhes. O diretor do Google destacou a importância do grupo para a discussão de música. “Fomos solicitados algumas vezes a remover a comunidade como um todo, mas nos negamos”, continuou. “Vamos continuar colaborando com a APCM, mas não vamos impedir que as pessoas discutam música no Orkut.”

Procurada pela reportagem na segunda-feira, a APCM se negou a fazer comentários além da nota oficial sobre o tema, na qual considerou a exclusão do conteúdo da comunidade “um avanço positivo”. Durante a semana, outros contatos foram tentados, mas a assessoria de imprensa informou que o porta-voz da empresa não estava disponível.

O fim da comunidade gerou polêmica entre usuários e especialistas. Em entrevista ao estadao.com.br Ronaldo Lemos, diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas do Rio e fundador da Creative Commons Brasil, também defendeu que o grupo não era dedicado à pirataria. “A comunidade em si não hospedava o conteúdo. Não existia discos armazenados ali, não tinha nada que violasse os direitos autorais”, explicou o analista, autor do livro Direito, Tecnologia e Cultura (Editora FGV).

Félix também alertou que a indústria fonográfica deve evitar generalizações quando o assunto é infração de direitos autorais na rede, destacando que não se deve dizer que “a comunidade era lugar de pirataria, assim como o Orkut e toda a internet”. “Sempre que você generaliza, corre risco de cometer uma injustiça”, concluiu.

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