"Uso desse recurso no Brasil cresce em decorrência da incorporação por ações de comunicação, mas aplicação em negócios deve ser o próximo passo."
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Um relatório da Juniper Research divulgado recentemente estima que a realidade aumentada (RA) móvel vai movimentar 732 milhões de dólares em 2014, impulsionada por downloads de aplicações pagas, publicidade e assinatura – o estudo não inclui o possível faturamento obtido via utilização por desktops.
Não se trata de um valor exuberante se observado no contexto geral dos negócios, mas é o suficiente para demonstrar que cresce a importância dessa inovação tecnológica na sociedade.
Diante desse cenário, cabem algumas reflexões: por que atualmente se fala tanto em realidade aumentada? Trata-se de mais um modismo tecnológico ou de fato haverá implicações concretas para usuários e empresas? Quem a utiliza e com que objetivos? E o que é de fato realidade aumentada?
Um dos campos de estudo das ciências da computação, a RA refere-se de modo geral à aplicação de camadas de texto ou imagens de objetos e locais do mundo real sobre uma tela ou visor onde são inseridas informações virtuais.
Localização
Para ilustrar, imagine que você aponte seu iPhone – com o modo câmera ligado – numa determinada direção, e a tela do equipamento mostre onde tem, naquela região, agências do banco do qual é correntista. Eis um caso prático de aplicação da realidade aumentada.
Caso prático e real. A história acima é exatamente o que um aplicativo lançado há alguns meses pelo Bradesco para iPhone 3GS, com GPS, se propõe a fazer. O recurso permite também localizar caixas eletrônicos espalhados por São Paulo.
O projeto foi desenvolvido pela agência digital brasileira Ínsula, da NeogamaBBH. Para o gerente de projetos da empresa, Fabiano Alves, essa ação demonstra bem aquilo que ele considera como um uso pertinente de realidade aumentada: não se trata de recorrer à tecnologia como forma de mostrar que se está em sintonia com a inovação, mas também de utilizá-la como meio de prestar um serviço para o usuário.
A partir daí entra a exploração pelo marketing, pois está apoiada num benefício real para o consumidor.
“A tecnologia pela tecnologia não resolve a vida de ninguém. Conforme a realidade aumentada se dissemina na sociedade, as pessoas podem usá-la como meio de entretenimento ou num determinado serviço”, afirma Alves.
Entretenimento
Outro projeto criado pela Ínsula para o Bradesco teve como alvo o espetáculo Quindam, do Cirque Du Soleil. O banco pretendia capitalizar em cima do fato de patrocinar o evento.
Pela ação, realizada nos locais de apresentação do espetáculo, as pessoas podiam interagir com o Circo Virtual Bradesco, que permitia vivenciar experiências circenses na palma da mão, enquanto produtos do banco eram apresentados virtualmente.
“A realidade aumentada não é algo novo, mas agora ela está chegando de fato ao dia-a-dia das empresas e dos usuários”, afirma Alves. “O cuidado que se deve ter é fugir dos modismos, não usar porque hoje ela é hype. Deve-se ter um objetivo muito bem definido”, reforça.
Martha Gabriel, especialista em comunicação digital e professora dos cursos de MBA e pós-graduação da Business School São Paulo (BSP), concorda com Fabiano Alves.
“Boa parte dos usos hoje ocorre por causa da onda hype. Mas a realidade aumentada não é modismo. Ela pode ser aplicada em diversos setores de atividade, inclusive para elevar vendas”, afirma.
Serviços
Um exemplo disso vem do serviço de Correios dos EUA, que usa a realidade aumentada para que os clientes possam simular pela tela do computador que embalagem é a mais adequada a determinado pacote que a pessoa deseja enviar.
“Uma outra possibilidade é a medicina utilizá-la para simular a visão interna do corpo humano”, exemplifica Martha. “Outra aplicação possível é na área de manutenção de produtos, para esclarecer o consumidor sobre atividades complexas”, diz.
Nesse caso, continua Martha, um exemplo é a criação de vídeos com a realidade aumentada que explicam o funcionamento de equipamentos eletrônicos. “Seria um benefício concreto para o consumidor”, diz.
Potencial
Aplicações desse tipo ainda são raras. O mais comum hoje é o uso como instrumento de promoção de marcas e produtos.
“As inovações partem da tecnologia e são incorporadas rapidamente pelo marketing. O setor de entretenimento também é um dos primeiros a abraçar esse tipo de novidade. Foi assim com a realidade aumentada”, afirma João Matta, professor de comunicação com o mercado da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
“A realidade aumentada tem um potencial muito maior e que foi pouco explorado atualmente. Hoje, o mercado ainda está na fase do encantamento”, avalia avalia Raphael Vasceoncellos, vice-presidente de criação da AgênciaClick.
“Essa onda hype vai baixar, e então veremos aplicações mais fáceis. A barreira tecnológica ainda impede um uso mais amplo da realidade aumentada”, reforça Vasconcellos.
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