"Carreira da banda é contada em músicas, vídeos e curiosidades. Trilha traz 28 músicas da banda e 21 de convidados especiais."
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Quando o Metallica foi formado, em 1981, jogos como “Guitar hero” e “Rock band” seriam aceitos, no máximo, como ficção científica das mais fajutas ou uma péssima ideia em um filme adolescente. Mas, quase 30 anos depois, os jogos musicais faturam milhões, conquistam o mundo e mostram que apostar em canais alternativos para divulgar música já é prática natural para quem um dia foi às armas contra o site de compartilhamento de arquivos Napster.
Em “Guitar hero” você tem o Metallica com aquela energia abandonada por alguns anos, e só recentemente recuperada no disco “Death magnetic”. De “Whiplash” (“Kill ‘em all”, 1983) até “All nightmare long” (“Death magnetic”, 2008), passando por todos os clássicos, as 28 músicas parecem ter sido compostas para o jogo, tamanha a sintonia de riffs e melodias com o sistema de guitarras de plástico de “Guitar hero”. Com o kit completo do jogo, é possível também cantar e tocar bateria.
Assim como em “Guitar hero Aerosmith” (2008), o jogo assume ares de documentário e dá de presente vídeos de bastidores e cenas raras de shows. Você tem o baterista Lars Ulrich se matando para não rir durante a captura de movimentos de “The shortest straw” e a banda se apertando num palco minúsculo em Nashville (Tennessee, EUA) para tocar “For whom the bell tolls”.
Apesar do pacote caprichado, carregado de extras e com uma trilha sonora quase impecável – faltou Sepultura, faltou Black Sabbath -, “Guitar hero Metallica” deixa buracos no roteiro. Os baixistas anteriores, Cliff Burton e Jason Newsted, são apenas mencionados superficialmente, sem qualquer homenagem “física” na forma heróis do palco. A carreira da banda também fica fragmentada, sem uma narração cronológica. Quem perde com isso é a molecada, que talvez só tenha conhecido o Metallica depois de passar dezenas de horas tocando solos em botões coloridos.
Fidelidade no palco
O visual da série foi aprimorado, ganhando realismo com a captura de movimento e com a digitalização do rosto de cada integrante. Quem não está familiarizado com as técnicas de produção dos games pode achar estranho, mas é assim que funciona: marmanjos vestindo roupas colantes e tocando instrumentos de cordas (sem cordas), num grande playback de estúdio. As câmeras capturam tudo isso e, depois de muito trabalho, lá estão as versões virtuais de cada integrante do Metallica.
Os trejeitos e algumas marcas registradas dos metaleiros também foram reproduzidos no jogo. Entre “For whom the bell tolls” e “The unforgiven”, por exemplo, James Hetfield troca de guitarra, com ajuda do roadie. Kirk Hammett dedilha com precisão, Robert Trujillo vira um pirocóptero com seu baixo e cabelo trançado, Lars Ulrich fica vislumbrando o nada durante a introdução de “Sanitarium”.
Você avança no jogo, habilita mais músicas e também ganha acesso a novos músicos. Além dos convidados Lemmy Kilmister (Motörhead) e King Diamond (Mercyful Fate), estão disponíveis versões “velha guarda” dos membros do Metallica. Um Robert Trujillo de boné, um Kirk Hammett moleque, e também em sua versão zumbi (que custa sinistros $10 mil na moeda do jogo). Assim como em “Guitar hero world tour”, também é possível criar seu próprio herói da guitarra, misturando elementos infalíveis como chinelo, máscara de gás, saia de couro e bracelete de espinhos gigantes.
‘Am I evil?’
Se a versão Aerosmith dava uma visão clara sobre as diversas fases da banda, a versão Metallica aposta em caminho diferente, mas não economiza nos extras. Em vez de saber como a banda começou e quem brigou com quem, você começa como uma banda influenciada pelos metaleiros. “Assiste” a duas músicas do Metallica e decide formar sua própria banda. A carreira, então, evolui à medida em que você e seus camaradas ganham moral e chegam a abrir shows dos ídolos.
É assim que você, mesmo tendo completado o jogo, fica sem uma noção clara da história da banda. O que resta é juntar os fragmentos a partir do vasto material extra que acompanha o jogo. Letras de todas as músicas, fichas técnicas e vídeos extras fazem parte do pacote. A seção “Metallifacts” é outra inovação interessante. Enquanto os músicos virtuais tocam, informações históricas e curiosidades de gravação são informados na tela. Você liga os pontos, descobre motivos de algumas letras, relações entre bandas conhecidas e pensa em seguir carreira como arqueólogo do heavy metal.
Melodia e destruição
A trilha vai das canções mais melódicas, como “One” e “Unforgiven”, até quebradeiras assassinas dos velhos tempos, como “Fight fire with fire” e “Creeping death”. Se você tiver acesso aos recursos on-line (Xbox 360 ou PlayStation 3), não deixe de arriscar um duelo épico em “Orion” contra algum desconhecido.
A lista de bandas convidadas não se limita ao heavy metal, e dá lugar a artistas que influenciaram o Metallica (Lynyrd Skynyrd e Bob Seger) ou foram influenciadas pela banda (Foo Fighters, System of a Down). Queen, Motörhead, Slayer, Judas Priest e Alice in Chains também estão lá.
Se você estava acostumado a jogar nas dificuldades “hard” e “expert” sem muitos problemas, comece a repensar seus métodos. Para a bateria, inclusive, foram criados um novo nível de dificuldade (expert +) e um novo acessório (o pedal extra). Depois de maratonas metaleiras, incluindo pauladas de mais de 5 minutos, você vai ser uma nova pessoa – sem qualquer necessidade de frequentar academias, mas inclinado a investir em sessões de terapia para recuperar a auto-estima.
Quebrando tudo
“Guitar hero Metallica” é o espírito autêntico da banda, condensado e aditivado em dezenas de músicas, vídeos, fotos de bastidores e piadinhas eventuais. Até mesmo as conquistas no Xbox 360 (achievements) conseguem encaixar nomes de músicas às mais diversas situações. “The memory remains” para quando você relembra fatos da banda na seção de extras, “Disposable heroes” quando você cria seu próprio roqueiro.
Interessante para quem se importa com rock, mais que obrigatório para seguidores dos jogos musicais, “Guitar hero Metallica” faz bonito no palco e resgata um trecho importante da história do rock. Não sem antes consagrar alguns clichês, como aquele que diz que seus vizinhos não vão gostar nada disso – pois não vão mesmo.
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