Expressões para ficar por dentro dos papos na internet

"Embedar, ripar e tuitar são algumas expressões do vocabulário próprio da rede."

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Por Jean Carlos
15 jul, 2009

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Embedar, ripar, tuitar. Há palavras que você precisa conhecer a menos que queira baleiar nos papos internéticos. Como toda tribo, a dos conectados também tem o seu vocabulário próprio, palavras que viraram jargão na web. Tanto pode ser uma adaptação de palavras do inglês para o português quanto termos inspirados em serviços populares na rede.

A lista de expressões cresce e se renova constantemente. Há pouco tempo, os criadores do microblog Twitter solicitaram o registro nos EUA do termo tweet (como são chamadas as mensagens publicadas no site). Desse serviço online, também veio o “verbo” baleiar. É que a imagem do mamífero aparece quando o site sai do ar. Como outros termos que nasceram na web e ganharam o mundo real, baleiar também escorregou para fora da rede e pode ser usado se o telefone fica mudo, se falta luz ou até quando o carro afoga, comenta o universitário Matias Schertel, 25 anos, da Capital.

– Quando a internet está lenta, ela está baleiando. No trabalho, quando falta luz, não digo que ela baleiou, mas é o que penso – completa.

Para a professora Eunice Polonia, do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), há a questão da tribo.

– Os grupos se identificam de várias formas, e criar um dialeto ou expressões é uma coisa típica do jovem. A entrada de outros (na tribo) pode ser feita pela linguagem – esclarece.

Matias concorda que é mais prático recorrer aos jargões online.

– Já tentei evitar essas expressões, mas cheguei à conclusão de que tu passas a mensagem bem mais rapidamente com os jargões – justifica.

O bate-papo na web tem lá suas convenções próprias: escrever em caixa alta, por exemplo, equivale a gritar. Alguns termos apropriados do inglês são mais conhecidos e aceitos, como deletar. Outros, mais novos, como embedar, nem tanto.

Para Eunice, o uso dessas expressões, à primeira vista, parece mau português: por que atachar se temos anexar, questiona.

– É uma incorporação quase inconsciente. Essas palavras podem tanto permanecer como jargão da área quanto a própria língua pode levar ao desuso – diz.

A palavra futebol, por exemplo, veio de football. Queriam que se dissesse ludopédio, mas não pegou, virou português arcaico. Para a professora, há uma tendência de certo purismo exagerado:

– Se um grupo sente necessidade de usar a palavra, é porque faz parte do seu dia a dia. Como linguista, não vejo problema.

E o miguxês?

Um velho conhecido dos internautas é o miguxês, que consiste em escrever como se fala. É chamado também de fofolês, porque busca uma aproximação com a fala infantil (o termo deriva de “amiguxinho”).

A professora da UFRGS Eunice Polonia não vê problema nesse tipo de linguagem porque cada ferramenta exige uma certa adaptação. No meio digital, a pessoa pode escrever de uma forma. Quando estiver redigindo uma carta, de outra. O que tem de ser trabalhado nas escolas é essa distinção. Nesse tipo de internetês, ch é substituído por x.

– Linguisticamente, não é errado, é só uma representação. Há a preocupação de que as pessoas comecem a escrever de maneira errada, mas o papel do professor é lembrar que exige adequação – diz Ana Ibaños, professora de linguística da Faculdade de Letras da PUCRS.

Tradutor dá uma mão

Sim, existe um tradutor para o miguxês. Você digita o texto (em português correto) em www.coisinha.com.br/ miguxeitor e a ferramenta traduz para um dos dialetos do miguxês: o arcaico (usado no ICQ), o moderno (dialeto do MSN) e o neomiguxês (presente no Orkut e no Fotolog). O site foi criado pelo desenvolvedor Aurélio Marinho Jargas, que teve a ideia quando um amigo o chamou de emo. Ele pensou em responder em miguxês, mas não sabia como. Então, por brincadeira, fez o site.

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