HTML 5 = WEB 3.0

"Vídeo, áudio e aplicativos na web ganham uma reforma geral com a nova versão da linguagem."

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Por Jean Carlos
28 out, 2009

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Abalos sísmicos são percebidos com cada vez mais intensidade quando o assunto é HTML 5, o padrão que deve chegar à sua versão final em 2010 e trazer novidades importantes. Os tremores são causados por gigantes como Google, Microsoft e Adobe, que se movimentam para garantir que seus produtos continuem relevantes no novo cenário.

A novidade mais importante está no trato do conteúdo multimídia. Hoje, a inclusão de vídeo num site depende de remendos de código de outras linguagens, como o JavaScript, e da instalação de plug-ins. Com o HTML 5 chegam instruções para lidar com vídeo, áudio, animações e objetos 3D dispensando gambiarras. O próprio browser terá os recursos necessários para exibir esse tipo de conteúdo com a ajuda dos codecs de áudio e vídeo presentes no computador.

Outra vantagem é que vai ficar mais fácil fazer aplicativos que rodam na web trabalhar no próprio micro, sem conexão com a internet. Hoje, isso depende da instalação de software adicional, como o Gears, do Google. Com o HTML 5, o próprio navegador terá recursos para operação offline. No caso de um serviço de webmail, por exemplo, o programa poderá guardar cópias locais das mensagens para uso quando não há acesso à rede.

Para que tudo isso aconteça, porém, é preciso que os navegadores funcionem em harmonia com o HTML 5, algo que ainda está longe de ocorrer. “Em um mundo perfeito, os produtores de browsers concordariam com uma implementação única do HTML 5. Infelizmente, não é esse o caso. O mais provável é que cada um se distancie um pouco da padronização”, diz Lee Brimelow, evangelista mundial da plataforma Flash, da Adobe.

IE na contramão

O ritmo de adoção do HTML 5 pelos browsers é acelerado. Mas o líder do mercado, o Internet Explorer, tem adesão ainda fraca ao novo padrão. Enquanto Firefox, Chrome e Opera já são compatíveis com várias das novas funções e incentivam desenvolvedores a experimentar o mais recente rascunho do HTML 5, a Microsoft só no mês passado deu sinais de interesse. “A Microsoft nos enviou menos de um comentário por mês nos últimos anos. Eles implementaram algumas coisas do HTML 5 no IE 8, mas praticamente não nos mandam feedback. Não tenho ideia do porquê”, afirma Ian Hickson, o especialista em padrões da web do Google que criou o Acid Test e hoje lidera o principal grupo de trabalho do HTML.

O isolamento da Microsoft, no entanto, começa a diminuir. O gerente de produto do IE, Adrian Bateman, disse, no blog do programa, que a empresa vai analisar o rascunho do HTML 5 e publicar suas ideias a respeito. “Ainda temos mais perguntas do que respostas sobre o tema. Mas discutir o assunto em público é a melhor maneira de progredir”, escreveu. O receio da Microsoft em abraçar o HTML 5 não está relacionado apenas à cautela ao usar um padrão inacabado. Decisões nas especificações do HTML 5 podem ajudar ou atrapalhar a vida da gigante de Redmond. O plug-in Silverlight, por exemplo, pode perder importância. O mesmo vale para produtos de outros pesos-pesados, como a Adobe e o Google.

Novo rei dos vídeos?

Nem é preciso citar os números da audiência do YouTube para saber da importância dos vídeos na web. A tendência é que a nova versão do HTML, mesmo podendo dispensar plug-ins, seja aberta a todos os formatos de vídeo, como é atualmente para formatos de imagem, por exemplo. Mas já tem gente que cobiça o reino do Flash Player, instalado em 99% dos micros e plataforma do YouTube.

Um dos candidatos ao trono é o codec Ogg Theora, defendido pelo pessoal do software livre. Ele é flexível o suficiente para mostrar desde imagens com qualidade básica até filmes em alta definição, além de ser gratuito. “Acredito que os formatos abertos podem substituir as soluções proprietárias. Se houver consenso das empresas sobre quais codecs elas apoiarão, poderemos ver uma adoção em massa”, diz o guru do JavaScript John Resig, da Mozilla. O Google também demonstra simpatia pelo Ogg, e reforçou o seu time de programadores adquirindo a On2 Technologies, especializada na criação de codecs de vídeo. “Com o apoio do Opera, da Mozilla e com o Google usando o Ogg no YouTube, o formato pode substituir o proprietário h.264”, afirma Charles McCathieNevile, diretor de padrões do Opera.

Evidentemente, a Adobe não está dormindo no ponto. A empresa aposta no codec h.264. Baseado no padrão MPEG-4, ele já é suportado pelo Flash e pelo Quicktime, da Apple. Futuramente, também o Silverlight, da Microsoft, deverá ser compatível com ele. Nesse time vencedor a Adobe não quer mexer.

“Não acredito que os plug-ins vão desaparecer. Eles são atraentes para os desenvolvedores, pois, com eles, não é preciso se preocupar com a versão do browser usada pelos visitantes. No Safari ou no IE, o Flash entrega o conteúdo da mesma forma”, diz Brimelow, da Adobe.

Fora frames!

Toda a fauna de aplicativos na web passará por mudanças graças ao HTML 5. Já de saída, o código poderá ser simplificado e resultar no carregamento mais rápido das páginas. O HTML 5 também acaba com as frames e elimina, da linguagem, muitos atributos usados para formatar textos, tabelas e páginas. A formatação fica a cargo de folhas de estilo CSS. Resta saber se empresas rivais aceitarão duelar num cenário de igualdade de condições, ou se cada browser escolherá um caminho diferente.

O dono da bola

Ian Hickson, pesquisador do Google, é considerado o ditador-benigno do grupo de trabalho do HTML 5. Veja o que ele disse à INFO.

INFO – Qual é a influência das grandes empresas nas decisões sobre o HTML 5?

IAN HICKSON – Google e Microsoft têm tanta influência quanto Mozilla e Opera. Mas a Microsoft tem menos influência porque não nos dá nenhum feedback. Isso é decepcionante.

INFO – Quem desenvolve sites para a web deve usar HTML 5 já?

IAN HICKSON – Na prática, a pergunta não é “vou usar o HTML 4 ou o 5?” A ideia é escolher os recursos que você precisa e, depois, pegar a versão que for melhor para o projeto.

INFO – Como aplicativos online, como o Google Docs, vão se beneficiar?

IAN HICKSON – Há um monte de funções novas só para o software baseado em web. Há funções que padronizam o uso do recurso de arrastar e soltar itens, otimizam o upload e o pree.

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