Cibercriminoso brasileiro tem QI acima da média e idade entre 24 e 33 anos

"Delegado da Polícia Civil de São Paulo, José Mariano Araújo, aponta que jovens veem criminosos digitais como pessoas de sucesso."

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Por Jean Carlos
25 jun, 2009

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Em geral, o cibercriminoso brasileiro possui entre 24 e 33 anos (embora tenha crescido o número de criminosos na faixa de 12 a 16 anos), é estudante ou operador de sistemas, muda constantemente de emprego, tem “QI” acima da média, é do sexo masculino, bem vestido e não acredita estar cometendo crimes.

O perfil foi exposto pelo delegado da Polícia Civil do Estado de São Paulo, José Mariano Araújo, nesta terça-feira (23/06), em entrevista à imprensa. “Virou uma profissão para jovens que enxergam nos cibercriminosos pessoas de sucesso, exatamente pelos ganhos financeiros que eles obtêm com fraudes e desfalques a bancos pela internet”, conta Araújo.

O delegado citou que o  Brasil possui muitos entraves para combater os crimes eletrônicos e segue na contramão de muitos países.  “A falta de uma legislação própria impede que cibercriminosos sejam punidos de forma correta”, critica. “O que existe são artigos adicionados ao Código Penal”.

Para Araújo, a não ratificação do País à Convenção de Budapeste – legislação que está sendo endossada por várias nações do mundo como base de ação mundial de combate aos crimes cibernéticos – complica ainda mais as investigações da polícia. “Os criminosos não atuam somente no Brasil. Eles possuem conexões fora”, ressalta.

O delegado cita uma operação que desbaratou quadrilha do mIRC (programa de comunicação entre servidores, que funciona como canal de bate-papo on-line), em que o Canal Brasil mantinha contato com a Alemanha na troca de informações bancárias.
Araújo também criticou duramente as operadoras de telefonia celular por atrapalharem a identificação dos criminosos. Ele atentou ainda para a evolução do crime organizado que tem atraído cada vez mais jovens hackers, financiando operações ilícitas, entre as quais desfalques às operações online dos bancos. “Como as penalidades são brandas, há casos de criminosos que mesmo presos repassam o ‘know how’ a outros presos na cadeia”, lembra Araújo, ao citar um cibercriminoso que chegou a ganhar 8 milhões de reais com fraudes e crimes.

Segundo ele, o número de crimes pela Internet cresceu exponencialmente nos últimos anos no País. De acordo com dados do Centro de Estudos, Respostas e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (Cert.br), até março de 2009 já foram registrados 218,074 mil incidentes reportados, enquanto durante 2008 inteiro os casos chegaram a 222,528 mil.

O projeto de lei do Senador Eduardo Azeredo, que trata de crimes de informática, está em tramitação no Congresso Nacional, mas ainda não há previsão para que ele seja aprovado e entre em vigor.

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