"Depois da vitória da tecnologia sobre o HD DVD, console toma as rédeas das vendas do novo padrão em alta definção."
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Ele nem mesmo está oficialmente nas prateleiras nacionais e a Sony nem comenta a razão. Ainda assim, a fabricante japonesa deve muito da lenta adoção do Blu-ray ao seu console Playstation 3.
“Eu diria que, pelo menos, 70% [dos 180 mil tocadores de Blu-ray estimados no País] são Playstation 3”, estima Wilson Cabral, diretor geral da Sony Entertainment no Brasil, responsável por divulgar o formato no Brasil.
A impressão não é apenas do mercado, mas também dos usuários da tecnologia.
“Não conheço pessoas [no Brasil] com outros tocadores” que não o console, admite Juliano Vasconcellos, 33 anos, dono de um PS3 e responsável pelo Blog do Jotacê, que cobre conteúdo multimídia doméstico no Brasil.
“O PS3 ainda é o melhor player na relação ‘custo/beneficio’”, explica. Além da estimativa de Cabral e o relato de Vasconcellos, não é difícil comprovar a popularidade do console da Sony ao consultar o relato de usuários dentro do Orkut.
Na maior comunidade dedicada ao tema dentro da rede social do Google, o tópico sobre a marca e o modelo do tocador Blu-ray do usuário tem concentração exagerada daqueles que dizem confiar apenas no videogame.
Marketing para os gamers
Além de diferentes metodologias, a disparidade quanto ao número de players vendidos no mercado nacional estimados pela GfK (5,6 mil peças em 2008) em relação aos dados da União Brasileira de Vídeo (180 mil tocadores) no Brasil mostra como responsável pela demanda do formato chega longe das vias legais no País.
Se isso é bom? Por um lado, Cabral vê vantagens, principalmente no que diz respeito ao surgimento de uma demanda que, apenas com os players, não existiria.
A Sony Entertainment começou uma campanha mais pesada em outubro para divulgar o Blu-ray ao perceber que muitos gamers começavam a se interessar pelo formato. “Queremos aproveitar a morosidade dos [fabricantes de] players tradicionais com a demanda criada pelo Playstation 3” para alavancar as vendas do padrão no Brasil. Mais que marketing, porém, o que usuários do sistema pedem é corte nos preços.
“Compensa você trazer filmes de fora e ainda ser taxado. Sai mais barato do que pegar aqui”, relata Bruno Reche de Araújo, 27 anos, dono de um leitor BDP S350, da Sony, desde outubro e dono de “cerca de 30 filmes” no padrão.
Juliano desabafa na mesma linha, citando um suposto descaso dos estúdios com o mercado nacional. Enquanto a versão brasileira de “Wall-E” era um disco simples, “em Hong Kong, [o filme] saiu em disco duplo com legendas e áudio em português brasileiro e, mesmo comprando lá, sai mais barato que aqui.”
No seu próprio blog, Juliano mantém um banner anunciando a versão Blu-ray de “Batman – Cavaleiro das Trevas” para compra na Amazon britânica. O disco, com camada dupla e legendas em português, é mais completo e barato que a versão disponível no Brasil.
O timing é outra reclamação. “A velocidade de lançamento do Brasil é lenta. Quando sai lá fora, aqui ainda demora um pouco para chegar”, aponta Araújo.
O problema, seja de timing ou de preço, seria resolvido com a prensagem de discos no Brasil, algo feito apenas nos Estados Unidos que Cabral promete trazer durante o segundo semestre.
Além de maior agilidade, a prensagem local diminuiria os preços dos filmes em Blu-ray (o executivo prefere não adiantar quanto o corte economizaria para os brasileiros), movimentando o círculo vicioso do formato no País, praticamente parado.
Locação e casamentos
Mesmo sem a comprovação, a Sony Entertainment promete lançamentos simultâneos no mercado brasileiro, com até 500 novos títulos nas prateleiras, mais que o dobro dos 225 filmes introduzidos durante 2008.
No bolo, a empresa espera que, finalmente, o cinema nacional tenha seu primeiro filme no padrão – mesmo com menos tempo de vida, o rival derrotado HD DVD, ironicamente, teve o filme nacional “A moreninha” adaptado.
Até mesmo locadoras se dividem na validade de investir em Blu-ray: de um lado, a Blockbuster já oferece o aluguel de títulos no formato desde antes da vitória do padrão da Sony, enquanto a 2001 Vídeo afirma ter a intenção de trabalhar com o formato, ainda sem planos concretos.
No meio do caminho, a 100% Vídeo informa ter testado o aluguel de filmes em Blu-ray em 15 de suas franquias e que, a partir de fevereiro, todas as lojas começarão a oferecer o formato. A única categoria que se beneficiará de catálogo em Blu-ray será de filmes de arte ou cult – todas as outras estarão disponíveis apenas caso haja lançamento simultâneo com DVD.
Outras áreas que exigem um cuidado exagerado com a captação e reprodução de conteúdo audiovisual, como é o caso de filmagens de casamento, já abraçaram o Blu-ray como uma alternativa mais sofisticada para os noivos.
Ainda assim, o Blu-ray caminha no Brasil ainda limitado apenas a entusiastas e atinge o mínimo de popularidade por estar encartado no uso secundário de um console que não tem nem previsão oficial pela Sony Brasil para estrear por aqui.
Nesse aspecto, o Blu-ray guarda semelhanças muito próximas com outra “novidade” no Brasil: a TV Digital. Em ambos os casos e por razões muito semelhantes, fala-se mais do que se assiste.
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