Aprenda a evitar dores ao usar o computador

Se você usa o computador no trabalho ou em casa por muitas horas em tarefas repetitivas e não é lá muito preocupado com a postura, corre o risco de um dia – se é que ainda não passou por isso – desenvolver algum tipo de dor, principalmente nos membros superiores do corpo.

Até bem pouco tempo, os especialistas em saúde do trabalho costumavam se referir a essas dores pela sigla LER (Lesão por Esforço Repetitivo), mas nos últimos anos ela ganhou o reforço de outra mais abrangente: DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), que também inclui outras atividades, como levantamento de pesos no trabalho, manutenção de posturas inadequadas por longo tempo e sobrecarga osteomuscular (sistema que inclui ossos, tendões, nervos e músculos).
 
Enquanto a LER supõe que a pessoa tenha uma lesão, um machucado em alguma parte do corpo, os DORTs admitem que podem surgir sintomas como dor e formigamento nos braços, ombros, cotovelos e mãos sem que a pessoa esteja machucada.

Para isso, basta que você não respeite seus limites de tolerância ao trabalho. O segredo para fugir da dor é mudar constantemente suas posturas durante todo o tempo em que estiver na frente do micro. E usar o mouse o mínimo possível: sempre que puder aprenda os atalhos para os principais comandos por teclado; seu pulso agradece.

O médico ortopedista ocupacional Sergio José Nicoletti, professor do Centro de Desenvolvimento de Ensino Superior em Saúde da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que a tolerância ao trabalho varia de uma pessoa para outra e pode ser aumentada ou diminuída por causa de diversos fatores, que também variam de lugar para lugar.

– Os que mais contribuem para que uma pessoa desenvolva LER/DORT são posturas inadequadas, como sentar em cima da perna ou manter o pescoço torto, por exemplo, ou atender o telefone e digitar ao mesmo tempo; trabalhar em ambientes que não respeitam as regras de ergonomia; além de fatores agravantes, como o estresse e a ansiedade, criados por prazos (cada vez mais) apertados no trabalho.

Alguns profissionais – atendentes de telemarketing, cabeleireiros, dentistas e operadores que trabalham em linhas de montagem, por exemplo, além de outras profissões que exigem tarefas repetitivas – tendem a desenvolver mais distúrbios do que outros, conta Gisele Mussi, coordenadora da disciplina de Ergonomia do Curso de Especialização em Medicina do Trabalho da Faculdade de Medicina da USP.

Se forem mulheres, ainda por cima, têm ainda mais chances de apresentar esses distúrbios. Trabalhem ou não em um escritório.

– A mulher tem dupla jornada, pois além das tarefas do trabalho ela também realiza outras em casa, que também exigem movimentos finos (delicados).
 
Postura e exercícios

Para evitar dores nos membros, no pescoço (cervicalgia), na coluna (lombalgia) e entre o pescoço e o braço (cervicobraquialgia) tudo o que você pode – e deve fazer – seja no trabalho ou em casa é conferir se os móveis seguem as especificações dadas pelos especialistas, manter uma postura correta e fazer exercícios que previnam esses tipos de distúrbios.

Nicoletti diz que o mais importante, para qualquer pessoa que deseja evitar LER/DORT por causa do trabalho, além de respeitar as normas da ergonomia no trabalho, é cuidar melhor de si.

– Além de cuidar de seu corpo (evitando engordar), o trabalhador tem que tentar construir um círculo de amizades no trabalho, a quem possa pedir ajuda quando está no sufoco, para diminuir a ansiedade e a tensão.

Meditação, ioga, acupuntura e alongamentos também ajudam. Se você trabalha com computador, veja os exercicios recomentados pelo especialista, para serem feitos no seu próprio posto de trabalho, a cada 50 minutos de trabalho contínuo.

Já para quem usa muito o computador em casa, seja para navegar na internet ou jogar videogames, Gisele sugere “o tempo máximo de duas horas”. Caso você precise de mais tempo, pare um pouco, se distraia com outra coisa e depois retome a atividade. Essa paradinha pode fazer uma senhora diferença para sua sua saúde no futuro.