Como o Estabilizador pode danificar seu computador

"Seu Estabilizador pode estar causando graves danos, descubra porquê."

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Por Paulo Silva
18 mar, 2014

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Estabilizador

O estabilizador foi criado, em tese, para corrigir surtos e anomalias energéticas como sobretenção, subtenção e transientes, protegendo, desta forma, seus aparelhos eletrônicos. Tal equipamento foi inserido na “cultura” da informática como de uso obrigatório, pós aquisição, de micro computadores de mesa ( Desktops ), por estes serem considerados de alto custo, tanto aquisitivo quanto de reposição.

Sabendo disso, seria sensato deduzir que esta solução energética traria ainda mais benefícios aliada à chamada “Linha Branca”, formada por equipamentos de uso indispensável, como Freezers, Geladeiras e Microondas, desprovidas de fontes tão eficientes quanto às dos PCs. Os males se maximizam ainda mais em âmbito Brasileiro, onde a má qualidade da energia fornecida e dos órgãos que regulamentam sua distribuição reduzem a vida útil dos equipamentos.

Como funciona um “Estabilizador”

 Esquema Estabilizador

Os estabilizadores são dotados de dispositivos conhecidos como “Relé” ou “Relés”( Seletor ) quando há mais de um. Os conhecidos “Cliques” ouvidos quando há pertubação na rede elétrica são fruto de sua atuação. São as variações de energia que promovem o movimento mecânico do interruptor que altera a voltagem das saídas, uma tentativa de manter a tensão das saídas o mais próximo possível de 115V. O tempo que o seletor leva de um Terminal a outro é o grande problema. Não há chances de uma troca imediata sem haver sobreposição de tensão, as saídas entrariam em curto e seria inviável seu funcionamento.

Estabilizador: “O goleiro Frango que ainda faz gol contra”

O problema do Estabilizador e seus componentes está na faixa de atuação. Geralmente estes “dispositivos de proteção” trabalham a 50~60Hz, enquanto que uma boa fonte trabalha a 400 Khz.

Estabilizadores costumam responder a um surto em um tempo que varia de “menor quê ou igual a 3 ciclos (<=3). Considerando que a rede trabalha a 60Hz um ciclo irá durar 0,01666 segundos e como o estabilizador levará 3 ciclos para corrigir a tensão, serão 50 milisegundos (0,050). Aí você pensa, “Nossa! mais isso é muito rápido e nem é muito”. Sim é, acaba sendo muito para a nossa habilidosa fonte, dada sua frequência quase 6.700x (6.666,666…) maior e capaz de responder a um surto em 0,002 milisegundos.

Isso significa que, enquanto a sua fonte já trabalhou reparando a “avaria” energética, arrumou a casa, pôs as crianças para dormir e manteve o PC operando perfeitamente, o “Estabilizador” ainda está “pensando” se adiciona ou reduz a tensão para aliviar a variação. Resumindo, ele deixa a bola passar e com ela nas mãos se vira contra o próprio gol e chuta, desta vez contra, repetindo a avaria ao reajustar a tensão, adicionando ou reduzindo 6Volts.

0,002 milisegundos depois, mais uma vez, a fonte terá de aplicar as correções, reajustando a largura dos pulsos aplicados ao transistor de entrada de modo a compensar a queda ou elevação da tensão. Este aquecedor de pés ainda realiza outras ações que põe em risco os equipamentos.

Termistor: “De mãos atadas”

Termistor

O Termistor é um dispositivo de segurança existente nas fontes. Se trata de um (Negative Temperature Coeficient), um resistor, ou seja, ele ajusta a potência com que a “energia entra” na fonte, baseado em sua temperatura, funcionando como um “limitador de carga” para os capacitores iniciarem suas funções tranquilamente. Ele vai perdendo resistência a medida que aquece, possuindo de 10 à 20 Ohms em temperatura ambiente e se tornando um mero resistor quando aquecido, com menos de “1 Ohm”. O perigo está neste ponto.

Você está usando, alegremente, o seu PC e o “surto” surge. Como já vimos, sua fonte já o corrigiu e sintetizou, mas outro impacto mais forte, em frações de milisegundos está a caminho. O Termistor da sua fonte, a esta altura, está aquecido e nada poderá fazer, pois levaria mais de 1 minuto para esfriar e com o equipamento desligado. Assim, tão logo a chave seletora do seu “Estabilizador” se desloque de um terminal ao outro com o assombroso “Tlec” que emite, todos os componentes da sua fonte como capacitores, diodos e filtros receberão um fortíssimo impacto, muito mais alto que a corrente normal de uso da fonte, despreparados por suas limitações e propriedades físicas. Uma “boa” redução na vida útil a cada “Tlec”.

Estabilizador: “Lock and Load”, direto na sua fonte.

Houve uma época em que pegadinhas eram feitas usando o “efeito de corte de bobina”, aplicadas principalmente usando canetas esferográficas. Quando pressionadas para projetarem suas pontas, cortava-se a corrente, abrindo o circuito e descarregando energia, dando um “choquezinho” doloroso. O Estabilizador também prega esta “brincadeira” na sua fonte, só que de forma bem mais violenta.

Nas aulas de física, conhecemos a “Força Contra Eletro-Motriz” ou FCEM. Acontece quando se corta a corrente elétrica de um “Indutor” enquanto este a conduz. Pegue uma pilha de 1,5V, um indutor e interrompa o fluxo. Será gerada de 70 à 100x a tensão da pilha. É a partir deste princípio que as velas dos automóveis geram faíscas, com suas bobinas (indutores) gerando tensões em níveis de 20 a 30Mil Volts, a partir dos simples 12V da bateria.

Agora vamos juntar o quebra cabeças. É certo considerar que o Estabilizador possui, em sua bobina de fio enrolada do transformador, um indutor (OK). A chave seletora automática de tensão funciona como abertura de circuito (OK). Então vamos calcular.

No momento da abertura do circuito, no movimento mecânico da chave seletora automática, de um terminal ao outro, considerando que a alimentação seja em 220V, o valor negativo no instante do surto, na abertura do circuito seria de 220 x raiz de 2 = 311 Volts. Desse modo o valor pico-à-pico (diferença entre o valor máximo e o valor mínimo (relativo) da grandeza) seria de 622 Volts que somando aos 311 da tensão da rede daria algo em torno de 933Volts! (quase 1.000Volts!!) diretos na sua fonte e componentes, sem que o “Termistor” possa fazer nada, uma “bolada no estômago”, difícil até para o Tafarel segurar.

“Via Crúcis” das fontes nossas de cada dia

Além desses motivos que inabilitam o uso deste “Dispositivo de Proteção”, há ainda a falta de conhecimento sobre seus reais valores. É sabido que a maioria desses dispositivos são capazes de fornecer 300Voltampére (300VA), porém um computador (somente gabinete) já consome 250Voltampére (250VA). A ele ainda são conectadas impressoras, monitores, scanners e o que mais for, enquanto houverem saídas disponíveis. O resultado, quando calculada a demanda total, está para lá de 600VA, tornando nosso bom aquecedor de pés uma máquina incendiária.

Com essas informações é possível termos ciência da ineficiência proposital do “Estabilizador” e  que não há necessidade de seu uso, pois as fontes, não “Genéricas” claro, já possuem muitos recursos (bobinas de ferrite, varistor, capacitores) que tratam das oscilações e anomalias que acometem a rede elétrica. Se houver a necessidade de utilização de um equipamento em voltagem diferente, é preferível a aquisição de uma fonte para a conversão.

E o que usar no lugar do “Estabilizador” ?

Alternativas com proteção real, similares às empregadas nas boas fontes de alimentação de PCs são os “Filtros de Linha”. Além da ausência dos “vagarosos” “Relés”, bons Filtros de Linha são compostos, muitas vezes, por mais que o necessário em recursos para filtragem de transientes, protegendo contra surtos de toda natureza, inclusive proteção passiva contra raios e super efetivas aliadas a um aterramento. Podem ser usados para proteger qualquer equipamento, inclusive sua Geladeira, e o fará com maestria.

Filtro de Linha

É importante saber que existem Filtros de Linha de má qualidade, e que devem ser evitados pois não oferecem nenhuma proteção, servindo somente como simples extensões. Verifique o suporte e as proteções que oferecem, pesquise sobre os melhores modelos no Brasil e se necessário/possível no Exterior. Existem bons modelos, de excelente atuação e variados custos, o que deve ser considerado no momento de proteger seus equipamentos pois o ditado popular que diz “O barato pode sair caro” se aplica bem neste assunto.

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